A louca do bairro

 Kelli era uma mulher à mil, com mil coisas para fazer: trabalho, casa, filhas...Ah, lindas e doces, mas que a enlouqueciam. Incrível o poder das mães de "acomodar" cada coisa no seu devido lugar. Leva uma para a escola, a outra para o Ballet, entre uma atividade e outra vai à feira, natural, claro. Busca uma filha, leva para a aula de canto, corre para não deixar a pequena esperando e nem se atrasar para a aula de teatro. Então ela pára e respira e fulmina um olhar para o fogão e logo pensa num preparo leve, rápido e saudável para servir às gurias, lindas, medonhas e famintas. E vai buscá-las em suas atividades, porque depois do almoço, tem mais. 
E a rotina chega à tarde, e leva uma para uma aula e outra para a outra e em meio a essa espera, tenta, cuidar um pouquinho dela, uma ioga talvez, às vezes consegue, às vezes não. E já vai pensando no jantar, e na receita deliciosa que suas pequenas poderão elas mesmas preparar, incentivando uma alimentação saudável. Mas lembra da roupa que ficou no varal e a comida do cachorro que acabou, e também precisa comprar.
E a tardinha, todos em casa, ela recolhe a roupa, alimenta o cachorro, manda as gurias para o banho, que como boas irmãs, brincam e brigam na mesma intensidade, e ela grita e xinga, e de repente olha para a sacada da vizinha, que a observa. E ela pensa: devem me achar a louca do bairro. 
Querida Kelli, adoro as novas conversas, ainda que poucas, mas muito me inspiram. Uma singela lembrança de um bom papo de arroio.


1 Comentários

  1. Querida, que lembrança boa, obrigada pelas palavras. E se alguém inspira alguém, essa inspiração chamasse "Janaína"! E Janaína é "jamais desistir". Um beijo e um queijo

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