As rimas dos meus afetos



Hoje ouvi algo que mexeu muito comigo: "Se tu não tem nada para colocar no lugar, é melhor não tirar o que tu já tem". Não dá para tirar do outro o afeto que ele construiu. Não dá para tirar do outro o que lhe justifica sua dor, suas desculpas, suas defesas se tu não puder colocar nada no lugar para substituir. Se algo ou alguém não "serve" mais na vida do outro, tu não pode promover o luto. Para cada um, a razão do seu afeto.
Afeto: objeto da afeição. Tem sua origem na palavra latina affectus, que significa disposição, estar inclinado a. Corresponde a afetar e significa fazer algo a alguém. Afeto tem os seus sinônimos: amizade, amor, apego. A partir dele atribuímos um sentido especial às vivências e às lembranças, pois a afetividade confere conteúdo aos nossos pensamentos, e nos permite acolher emocionalmente alguém.
Estou tão embriagada nessa palavra, nesse sentimento, que encontrei rimas para os meus afetos, alguns intensos, meio aletos, outros discretos. Tem afeto que é objeto dos meus projetos, inquietos. Afetos concretos, completos (filhos). Tem aqueles secretos, quietos...
Às vezes me sinto um arquiteto, construindo algo ereto, do chão até o teto, ainda incompleto.
E como no Soneto de Fidelidade, traduzo meu afeto, como um decreto, objetivo, franco e direto:
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Porque mesmo que não rime, amor para mim é afeto.



6 Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Texto singelo, complexo e gostoso! Foi um prazer descobri-lo por acaso... parabéns Janaina.

    ResponderExcluir
  3. Desculpe, não vi que estava não estava logada com meu nome. Tua prima: Cíntia Karina Elizandro.Abraço.

    ResponderExcluir
  4. Agora estou logada com meu nome (risos). Fazendo & Vivendo = Cíntia Karina Elizandro.

    ResponderExcluir
Postagem Anterior Próxima Postagem