Imperfeita perfeição

Minha postagem de hoje foi inspirada no poeta.

Em meio aquela interminável conversa da madrugada, ele pergunta para Ana:

- Tu é "colorada"?

E ela responde:

- Sou. Por quê?

- Porque tu não podia ser tão perfeitinha. Tinha que ter um defeito!

- Hahahahahahahaha. Ana, depois de uma deliciosa gargalhada, intrigada, questionou: O que te faz pensar que sou perfeita?

- Sabe quando você vai montando um quebra-cabeça e vai encontrando as peças certas e aquilo começa a tomar forma? E todo aquele caos que eram aquelas peças desordenadas agora encaixadas formam algo perfeito? Quanto mais descubro coisas sobre você é como se fossem peças de um quebra-cabeça que vai formando algo bonito, algo perfeito. Mas acho que o quebra-cabeça nunca estará completo. Algumas peças talvez estejam escondidas ou danificadas. Sei lá...Concluiu o poeta.

Tenho absoluta certeza que ela silenciou. Eu teria silenciado, porque essa foi a coisa mais linda que eu já li.

Me dei conta que somos um grande, enorme, gigantesco quebra-cabeças, e que nas relações, seja ela qual for, é preciso um generoso senso de observação e foco para montá-lo. É preciso paciência e sensibilidade para encontrar as peças certas, e uma pitada de afeto para enxergar o quebra-cabeças completo, mesmo faltando algumas peças, aquelas, segundo o poeta, escondidas ou danificadas. 

E assim a perfeição, "aquilo que tem qualidade máxima, que não tem nenhum defeito. o mais bonito, o mais bem feito...a precisão, sem falhas" não se incomoda nem em ser "colorada", pois vai sendo decifrada, em peças, montada, e se descobrindo, em sua imperfeita perfeição.